sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Os maiores problemas de momento

Quais serão os maiores problemas que se têm em Portugal neste fim do ano de 2009?

Com base no que fui observando, no que li e ouvi de comentadores bem como de pessoas amigas cuja opinião prezo, elaborei a seguinte lista:

Sistema de Justiça inquinado, lento e desacreditado, refém de interesses partidários/corporativos e de vícios legislativos. (Exemplo de um vício conceptual e legislativo: o da inversão de valores que permite desresponsabilizar delinquentes ou criminosos, com base em pormenores processuais, prejudicando vítimas e promovendo a desonestidade).

Elevadíssimo endividamento externo.

Elevado desemprego.

Corrupção muito generalizada e tacitamente aceite por largas camadas da população. Paralelamente, uma cultura clientelar ou de dependência de favores, concedidos à custa do Estado ou da Administração Local, traduzida na evidente aceitação de impostores por parte de muitos cidadãos.

Máquina do Estado/Administração Pública muito pesada, dispendiosa e pouco eficiente.

Mal-estar quanto à segurança. Prevenção e dissuasão com falhas, justiça lenta e desajustada quanto à protecção devida às vítimas.

Baixa produtividade e competitividade, em termos gerais.

Sistema de Educação prejudicado por políticas educativas desadequadas, por uma gestão muito centralizada e por interesses corporativos. Pouca exigência e demasiada permissividade.

Falta de ética, discurso emproado, impudico e mistificador por parte de muitos políticos, incluindo-se aí as mais destacadas figuras do Estado.

Divergência da União Europeia.

Cultura de menosprezo pelo trabalho honesto.

Sistema eleitoral com deficit de representatividade e demasiado sujeito aos interesses dos partidos.

Conceito de defesa nacional e do papel das Forças Armadas mal conhecido, provavelmente mal definido, discutido e assumido.

Deficiente legislação. Muita e, em diversíssimos casos, mal concebida, mal arrumada e com normas que não podem ser cumpridas. (Geram-se frequentes e públicos incumprimentos da lei, dão-se exemplos de baixa civilidade, prejudica-se gente honesta e de boa-fé).

Constituição inadequada como lei fundamental.

Cultura empresarial demasiado agarrada aos favores estatais, avessa ao conhecimento e/ou à criação e/ou à investigação.

Existem interdependências entre estes problemas e é evidente que o tratamento de alguns arrastará a solução, pelo menos parcial, de outros. Não é por acaso que a questão da Justiça em Portugal ocorre em primeiro lugar a muitas pessoas. De facto, o ataque a esse momentoso problema parece ser dos mais fecundos em termos de benéficas consequências. Mas não nos devemos iludir. A devida hierarquização destas dificuldades passa pelo estudo dos respectivos processo de solução e aí seremos, com certeza, confrontados com nexos de causa e efeito menos previstos. Penso, por exemplo, em graves fraquezas das nossas escolas superiores e quanto algumas delas terão contribuído para os males que nos afligem.
Em qualquer caso, parece-me muito importante verificarmos, para já, quais são os mais importantes problemas que temos em Portugal e constatar, de caminho, como os partidos e os nossos políticos fugiram a tratar das soluções. Percebe-se porquê: são assuntos difíceis e que, de imediato, não dão votos. Temos de fazer força pelo nosso lado. Que lhe parece, caro leitor?
09-10-2009

20 comentários:

A. João Soares disse...

Caro Faria,
Parabéns por ter criado este blogue e pela sua abertura com muita pompa. Um artigo deste género é uma peça muito rara mesmo num blogue especializado.
Agora, depois deste diagnóstico, espero um post com as prescrições para a terapia. Os políticos precisam de uma cartilha com preceitos orientadores, que sirvam de marcos para a coordenação de governos e oposições tendo como finalidade optar pelo que será melhor para Portugal, isto é, para a generalidade dos portugueses.
Penso que não ficará aborrecido se eu transcrever este post nos meus blogs com um link que chame aos visitantes a atnção para aqui.

Desejo muitas felicidaes.

Um abraço
João Soares

Pedro Faria disse...

Caro João Soares:
Muito obrigado pelo seu incentivo.
As prescrições para a terapia são necessárias e com a sua ajuda e a de outros amigos julgo se irão formando para sairem em breve.
Não me aborreço por transcrever este post,antes fico contente por achar que ele é digno de apreciação.
Mais comentários ajudarão a identificar melhor os problemas e a pensar nas respectivas soluções.
Um abraço.
Pedro Faria

Adriano Ribeiro disse...

Amigo Pedro Faria
Parabens pela iniciativa. A suscitar a nossa atenção dada a versatilidade dos temas a abordar.
Abraço. Adriano Ribeiro. Blogue Bancada Directa

Isabel Filipe disse...

Bom Dia Pedro ....

Parabéns por este 1º trabalho ...
claro que concordo em absoluto com o que aqui diz ...
Portugal está moribumdo e cheira mal ...
há muita coisa a mudar ... mas quem irá fazer isso?

Desejo as maiores felicidades e futuro para este blogue.

abçs
Isabel Filipe

p.s.: cheguei aqui pela mão do nosso comum amigo João SOares

Amigo Paciente disse...

Caro Pedro Faria:
Abrir um blogue com a fasquia tão alta não é uma tarefa fácil.
O objectivo destes blogues é um objectivo Nobre que parece não ser entendido pelos políticos, quer porque se lhes torna incómodo, quer porque não entendem o que neles lhes é transmitido.
Sou de opinião que, se realmente quizessem ouvir e entender a Voz do Povo, deveriam ter no seu staff quem lhes fizesse uma súmula do que neles se dá à estampa, com coragem e lucidez.
Que não lhe falta o ânimo, a coragem, a ruminação e a reflecção, bem como a atitude colaborante de quantos o visitem.
Com os meus parabéns, formulo votos de pleno êxito.
FRezende

Isabel Magalhães disse...

Muito bom dia.

Vim da blogosfera pela mão do nosso amigo comum João Soares.

Gostei do que li e ainda hoje irei mencionar o 'Rumindo' no 'Oeiras Local'.

Votos de sucesso neste projecto e que o viva sempre com alegria.

Isabel Magalhães

Luis disse...

Caro Pedro Faria,
Pela mão do nosso amigo comum cheguei ao Rumindo e gostei, gostei mesmo muito! A este seu primeiro trabalho julgo que se irão seguir outros do mesmo jaez na concretização de soluções aos diversos problemas agora e aqui apresentados. Vai ser "OBRA" pois, na realidade os assuntos são vastos e têm sido muito maltratados, acontecendo até que a cada nova intervenção ainda conseguem ficar piores.
Os meus sinceros parabéns e que não desfaleça perante este trabalho a que se lançou!
Um abraço amigo,

Anónimo disse...

Caro Pedro:
Um grande abraço pela oportuna iniciativa, no momento crucial que atravessamos. Quanto aos itens que elegeste como problemas de que enferma Portugal, o problema maior é que relativamente a muitos deles não há vontade política da parte dos governantes e dos partidos políticos para uma efectiva resolução.
Pessoalmente, se tivesse de escolher dois itens como os principais, dos quais a resolução dos outros está dependente, escolheria a Falta de ética e o Sistema de Justiça inquinado.
Quanto ao problema da ética, que tem igualmente a ver com perda de valores, a nossa democracia evoluiu para um conceito, segundo o qual a ética da democracia reside na Constituição e nas leis da República, como tem sido propalado por eminentes figuras do PS e do PSD (não sei se de outros partidos, mas é provável, pois nunca os vi contradizer este conceito). Ora acontece que as leis da República são feitas, actualizadas e modificadas com as sucessivas mudanças de governo, e sempre de modo a servir os interesses das maiorias que governam e se vão alternando, que têm o poder para fazerem o que lhes convém, não o que verdadeiramente interessa ao País. Por outras palavras, a ética situa-se a jusante dos partidos políticos e, consequentemente, das leis da República, quando deveria estar a montante. Há valores que deveriam ser universais e não dependentes dos partidos. Essa perda levou à triste situação de um povo que, em eleições em geral, mas mais notoriamente nas autárquicas, elege um candidato com problemas com a justiça por desfalques, corrupção, tráfico de influências, etc., como se tem visto. As leis da república permitem aos partidos e/ou indivíduos propor candidaturas ou candidatarem-se a lugares do poder, como autarquias, Assembleia da República, não obstante com casos comprovados ou de elevada suspeição de graves irregularidades ou mesmo crimes. Tal não aconteceria se a ética estivesse a montante dos partidos e das leis, incluindo a Constituição. Perdidos que foram a ética e os valores, o povo educado nesta democracia que temos e a que chegámos, não se incomoda absolutamente nada com o facto de o candidato ser corrupto, ter feito desfalques e outras coisas do género. Assume a atitude tão vulgarizada do "rouba mas faz". Como combater um problema deste jaez não é tarefa fácil. O mal já feito é tanto e está tão arreigado, que se torna muito difícil erradicar. Exige coragem e abertura de espíritos.
O problema do Sistema de Justiça , é efectivamente um sério entrave à resolução de muitos dos problemas que afectam o nosso Portugal. Além de muitas das nossas leis serem ambíguas e se prestarem a múltiplas interpretações, o que também é um óbice ao bom funcionamento da Justiça, o Sistema está realmente inoperante. Não posso entrar em qualquer tipo de análise do que está errado porque não sou jurista e faltam-me as bases para tal. Mas sou um cidadão que vê, pensa e reflecte sobre os assuntos, e, por comparação com outros povos e outros tempos, sinto que poderia ser muito melhor. Por exemplo, se um caso de justiça envolve pessoas ou entidades sem relevância no poder ou nas grandes empresas, até que se vai resolvendo, lentamente, mas resolve. Caso contrário, a impressão que se tem é que o Sistema está montado de tal modo que é possível arrastar o caso até se ultrapassar o prazo para a prescrição, e, assim, o caso fica resolvido...
O Sistema de Justiça, curiosamente, quase não foi afectado no pós- 25 de Abril. Com efeito, os poderes executivo e legislativo foram profundamente modificados, mas o poder judicial parece não ter sido afectado, pelo menos na escala em que foram os outros dois. Não seria isto também motivo para reflexão?
Força e coragem para continuares com o teu blogue.
Um grande abraço.
Armando Conceição

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amigo Pedro!
Sabe que Pedro é o nome da pessoa que mais adoro neste Mundo??? o meu único filho :)
Esta e mais uma razão para sermos amigos, a outra é naturalmente a de sermos amigos comuns do amigo João Soares.
Os amigos dos meus amigos são meus amigos também, espero que pense como eu.

Pelo que li, o Pedro parece-me ser mais uma pessoa determinada em pôr o dedo nas feridas, estarei cá para o apoiar sempre que possa.

Bom fim de semana.
Um abraço da amiga,
Fernanda Ferreira - Sempre Jovens

luis pessoa disse...

Meu caro Amigo

A abertura de um espaço desta natureza é sempre um motivo para celebração.
A ambição que revela é a prova de que há por aí muita vontade de dar respostas a tudo o que sentimos no dia a dia.
Pode o meu Amigo contar com a minha presença sempre que tal se propiciar e entender.
Por agora, receba um forte abraço e até já!
Luís Pessoa

Gisele Claudya disse...

Caro Pedro,
Cheguei aqui através de um e-mail do nosso amigo João Soares.
Já morei em Portugal por quase 1 ano e amo teu país mas sei que os problemas estão surgindo. Deus permita que a violência não chegue a proporções como aqui, no Rio de Janeiro, onde vivo.
Bem, seja como for, todo canto tem seu encanto e seus problemas, né? E eu AMO PORTUGAL demais.
sucesso no teu novo espaço.
Beijocas
Gisele

Anónimo disse...

Meu caro Pedro Faria:
A sua Abertura está na linha de tantas conversas que temos tido, em vários locais e encontros.
Aqui estou, a dizer presente e a reafirmar que pode contar comigo neste espaço. Há aqui matéria de qualidade para trabalhar.
Podemos não chegar a lado nenhum - quem somos nós para lutar contra "poderes tão poderosos"? Mas ,ao menos, resistimos...
Um abraço
Gustavo Barosa

Maria Letr@ disse...

Caro Pedro Faria,
Acabo, neste preciso momento, de ter conhecimento do seu blogue, através dum e:mail que recebi do nosso amigo comum, João Soares.
Li com muita atenção tudo aquilo que escreveu, o que revela estar bem informado sobre o resultado duma política que há muito tem seguido caminhos mais do que obscuros e, portanto, vergonhosos por facilitarem uma corrupção 'que não desgruda', tendo como assistência alguns Portugueses de semblante carregado, mas inoperantes, outros que acabaram por adormecer de cansados e ainda outros, onde estamos incluídos nós, que tentam pôr despertadores a funcionar, mesmo sabendo que teremos de continuar, sabe-se lá por quanto tempo, a repetir um alarme que, até agora, não tem resultado em pleno. Não só não temos conseguido despertar uma grande maioria como, ainda por cima, quando isso acontece não foi por que tivessem ouvido o despertador, mas sim porque sentiram dores de barriga.
As consequências da referida má política estão bem patentes nos problemas que inumerou e que, repito, revelam estar bem atento ao que está a passar-se.
Da minha parte estou a fazer o melhor que posso e acompanharei os amigos do nosso grupo com a força que adquiri quando senti, pela primeira vez, quanto dói sermos vítimas. E eu fui uma delas.
Um veemente voto de bons resultados para este novo blogue.
Maria Letra

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o destaque dado ao sistema de justiça inquinado. Com efeito, o fundamento mais importante da democracia é que somos todos iguais perante a lei. Ou seja: nas mesmas circunstâncias somos todos tratados do mesmo modo. Se o sistema de justiça funciona com deficiências tal situação deixa de se verificar, dando azo a todo o tipo de abusos e aproveitamentos, bem como a um sentimento de impunidade que ameaça a coerência do todo social (fuga aos impostos das grandes empresas, para-corrupção, nepotismo...) É verdadeiramente a democracia que está em causa, e a um nível muito elementar.
Um prazer encontrar este blog!
Um forte e saudoso abraço,
César Aires Viana

Mafalda Viana disse...

Caro Pedro, venho cumprimentá-lo pelo seu novo blogue. Agrada-me sentir a sua genuina inquietação e a vontade de contribuir com o seu pensamento. Assim vale a pena ocupar este "espaço". Obrigada.

luis pessoa disse...

Tratando-se de uma tarefa ciclópica - primeiro o diagnóstico e depois o apontar de algumas possíveis panaceias, quando a matéria é tão vasta como um país inteiro, com gente dentro -, não podemos, como é óbvio ser exaustivos, até porque tal não se afigura razoável.

De qualquer forma, aqui vai uma contribuição para a discussão.

A questão do que está mal e do que é mais prioritário resolver e como, é de sempre. Ao longo da nossa História como Povo, sempre chegámos a encruzilhadas e, com maior ou menor esforço, sempre fomos vencendo os obstáculos.
O problema adicional, agora, é sobretudo a comparação. Ao longo da nossa História sempre estivemos num canto da Europa, isolados das realidades, tentando resolver as nossas deficiências de modo autónomo, quase sempre obtendo resultados na fuga em frente. Assim foi nas lutas com Castela, assim foi nos Descobrimentos, assim foi na diáspora emigrante para o Brasil ou para a Europa. Por cá, nunca foi necessário encontrar e desenvolver os meios para uma existência razoável. Nunca tivemos que desenvolver correctamente os meios de produção internos, excepto para a subsistência precária das populações: um copo de vinho e um bocado de pão e já não se morre de fome!
Os milhões dos Descobrimentos, como os milhões de divisas dos emigrantes, como todos os milhões entrados, não exigiam contrapartidas para além dos sacrifícios individuais dos envolvidos, que melhoravam as suas situações pessoais, sem haver melhorias na situação global das populações.
Eram expedientes que um país inviável e falido sempre foi encontrando para sobreviver, ele mesmo.

A chegada à União Europeia, após décadas de “orgulhosamente sós” trouxe novos desafios, ou melhor, os mesmos desafios de sempre, mas com novos contornos: Agora teria que haver retorno aos milhares de milhões que chegavam para o desenvolvimento interno.
Mais, teria que haver partilha de poder e aceitação de muitas regras para que essas divisas entrassem.
Estas novas regras foram muito discutidas nas cúpulas do poder, mas nunca sufragadas pelos anónimos cidadãos, sempre com o estafado argumento de que eram coisas muito complexas para que estes estivessem por dentro. Mas a razão não era essa, a razão era a de que NÃO HAVIA ALTERNATIVA. Não valia a pena discutir e votar o que era absolutamente indiscutível: Ou entravamos e sobrevivíamos, ou não entravamos e desaparecíamos irremediavelmente! (continua)

luis pessoa disse...

(continuação)
A vantagem foi a colocação de muitas restrições e metas.
Felizmente para nós, a UE não deixou tudo nas mãos dos países. Impôs regras, alterou conceitos, obrigou sectores inteiros a adoptar regras e medidas que jamais seriam adoptadas voluntariamente. O nosso país tinha um historial de esbanjamento, de destroçar fortunas de especiarias, de ouros e diamantes, de cofres cheios de alguns – poucos - e miséria na rua.
Assim, notamos agora, já com uns anitos de UE, que os maiores problemas que enfrentamos são nos sectores em que a UE não interfere, na Justiça, na Educação, na Segurança Interna, em certos factores da fiscalidade… Em suma, onde cada estado membro (Portugal incluído) pode ter autonomia para desenvolver políticas, é onde mostramos a nossa endémica incapacidade, quase diríamos genética.

A conclusão parece ser óbvia: Connosco (portugueses) ao leme, jamais se dará a aproximação aos padrões gerais dos restantes europeus e como não parece viável que a UE se imponha às nossas autoridades para as reformas necessárias, (nem nós cidadãos tomados colectivamente temos capacidade para impor o que quer que seja ou aceitar imposições externas), estaremos condenados a esperar pela exaustão do próprio sistema!
Ou seja, a Justiça só melhorará quando as instâncias e cidadãos da restante Europa “obrigarem” a nossa Justiça a agir com celeridade sob pena de criarem complicações, tais como abandono de empresas ou impedimentos à circulação de capitais, por exemplo;
A nossa Educação e Escolas só melhorarão quando a Europa bloquear e deixar de acreditar como válidos os certificados aqui emitidos ou quando a massa crítica abandonar prematuramente o país e for desabrochar nos centros de excelência da Europa, dos EUA, da Índia ou da China;
A nossa Segurança Interna só melhorará quando a Europa desviar os seus cidadãos e as suas empresas de cá, por falta de segurança e isso nos ameaçar seriamente, em termos financeiros.

E assim por diante.

Os nossos políticos são sempre muito visados, mas os nossos políticos somos nós! As suas incompetências são as nossas incompetências, sem tirar nem pôr, porque eles não são uma raça, não são uma estirpe diferente de nós. Eles são os actores que se prestam a fazer o papel que nós não queremos ou podemos fazer, nada mais.
Já basta de falarmos “deles”, dos políticos, atribuindo-lhes a responsabilidade do estado das coisas. Três décadas e tal de democracia já nos dizem com clareza que queremos estes políticos e que eles são eleitos por nós, pela maioria de nós, ciclicamente.

Em suma, sozinhos, sem pressão ou ameaça exterior, jamais mudaremos o que quer que seja. Estamos felizes porque há quem esteja pior. Assistimos com passividade à nossa ultrapassagem pelos novos países que só agora chegam à UE e rapidamente nos passam.
A demonstração é clara, não se pode viabilizar um país inviável, como não se pode viabilizar uma empresa que não é viável.
Um país não pode gastar mais do que aquilo que produz, como uma empresa não pode gastar mais do que o que produz! Para que uma empresa possa funcionar assim, terá que ser subsidiada permanentemente e é isso mesmo que se passa com o país: primeiro com as receitas extraordinárias das especiarias; depois com o ouro e diamantes do Brasil; mais tarde com os envios de divisas dos emigrantes; agora com os subsídios da UE, que ainda vão pingando para a pseudo-agricultura, para pontes e aeroportos, para auto-estradas e combóios de alta-velocidade.
A seguir, que novos expedientes seremos capazes de inventar para não termos que fazer nada que altere este nosso magnífico modo de ser e viver?

Realmente, “nós, por cá, todos bem!”.

Anónimo disse...

Paulo:
Parabéns.
Desde a infância que apostamos em ti e com razão: és o mais brilhante de todos nós e o que mais longe conseguiu ir.
Depois de tantas e tão elogiosas opiniões sobre o inicial artigo do teu Blogue, as quais têm a minha concordância especialmente as de João Soares, pouca margem resta.
Direi que fazes, com pertinência e de forma bem elaborada, uma síntese exaustiva dos principais problemas que afligem o país; é bom que os responsáveis políticos tenham isso bem em mente.
Vamos aguardar, com expectativa, os teus passos seguintes.
Brevemente chegarás aos problemas da Europa e do Mundo. Nessa altura atrevia-me a sugerir-te a leitura da Tese da Cláudia para o Master on Arts in Political Science, em fase de acabamento.
Cansado, meio cego e meio surdo, a mim já me vai faltando pedalada para, sequer, vos seguir…
Um grande abraço
Luiz

Anónimo disse...

Caro amigo
Receba as minhas felicitações pelo seu blog e pelos temas que aborda.
Enviei o endereço para o L. da Siva, mas não sei se ele leu a minha mensagem.
Receba um abraço do

Luciano Dias (RK)

Anónimo disse...

Meu querido amigo,
acho que escolheu bem a ocasião para criar um blogue "ruminando e reflectindo" sobre o estado da nação, pois com a "rentré" e com eleições todos nos sentimos com mais força anímica para alavancar Portugal.
Agora parabéns, parabéns, dou-lhos sinceramente pelo tema escolhido, pois pertenço ao grupo de cidadãos que já não acreditam em Portugal. Mas confesso que é da perseverança que nasce a obra e é de homens assim que se constrói uma nação. Nem de propósito, aconselho-lhe o livro, caso não conheça ainda, de Rainer Daehnhardt, intitulado "Homens, Espadas e Tomates"
Deixo-o com um abraço desejando-lhe para o "Rumindo" todo o sucesso que merece.
Ana